O adeus ao pseudônimo

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Há mais ou menos um ano, ao lado de um amigo, encarei o desafio de escrever sobre a situação do país. Criamos o Diário da Corte​. O ponto de partida era simples: vivíamos num país surreal, onde o absurdo era regra há tanto tempo que já havia se transformado em normalidade; escreveria sobre o que eu pensava ser o natural para o Brasil, alertar o máximo de pessoas – fossem 10 ou 10 mil – de que nosso país passava (ainda passa) por uma crise de identidade extrema, principalmente desde 2003, com a chegada do PT ao poder e a ascensão de esquerdistas nas mais diversas frentes na política, ou com celebridades da chamada (muito bem chamada, diga-se) “esquerda caviar”.

A adoção do pseudônimo de Alexandre Karamazov, por mais absurdo que pareça, não foi por temer reações dos citados nos textos, que me ameaçaram de morte algumas vezes, mas porque grande parte da família que amo, e continuo amando, independentemente das posições políticas, é alinhada ao PT e (ou) à esquerda que tanto critico. E, claro, o receio de represálias profissionais, mais um ponto absurdo da situação brasileira. É chegada a hora, porém, de assumir o que eu, João Cunha Soares Ferreira, penso da nação onde nasci e moro. Que isso venha, como tudo nesta vida, com seus lados positivos e negativos. O pseudônimo fica por uma questão prática: endereços da internet, página no Facebook e similares, até porque o nome ‘João’ é extremamente sem graça.

Continuarei na luta para o bem mais valioso que considero existir: a liberdade. A preciosidade que é a individualidade de cada um de nós, independentemente de cor, sexualidade, grana e afins. A menor minoria que existe é o indivíduo. E aos que pensam em contrário, saibam que o meu respeito pelas posições adversas sempre existiu e existirá.

Aos que sabiam do meu segredo e mantiveram o silêncio neste tempo todo, meu muito obrigado pela compreensão. A todos os leitores que acompanharam e incentivaram o Alexandre Karamazov, minha eterna gratidão.

Aos que me conhecem pessoalmente, inclusive como músico e roqueiro, além de jornalista, e estranham meu posicionamento político (porque há uma sensação de que músico tem de ser esquerdista até debaixo d’água), eu peço perdão pelo balde de água fria, mas talvez, de longe, bem longe mesmo, possa ser etiquetado como um liberal, mas prefiro permanecer sem estar pregado à nenhuma estante de rótulos. Peço também atenção a um fato curioso: nada poderia unir mais a música, em especial o rock and roll, do que o apreço à liberdade. Graças ao maldito ‘capetalismo’, nos EUA e na Inglaterra, principalmente, o blues e o rock puderam surgir e sobreviver.

Pela atenção, muito obrigado,
Alexa…quer dizer,
João Ferreira.