Maria Ribeiro, minha cara, o Brasil real existe e pede passagem.

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Vejo a atriz Maria Ribeiro, vestido branco, em meio à manifestação anti-PT, ontem, em São Paulo, e penso: excelente sinal. Aliás, maravilhoso sintoma. É uma fantasma implorando por ser vista. Encarna, a fantasma de ocasião, um grupo, uma trupe de egoístas, preocupados, na fachada, em salvar o Brasil do fascismo, mas nos bastidores, na essência, focados apenas no próprio umbigo.
 
Em muitos anos, enquanto seres fantasmagóricos se reviram antes de irem para o além, num alarmismo alarmante, finalmente estou otimista. Otimista porque o Brasil real, pela primeira vez em muito tempo, vê chances de melhora. Como um paciente de dor crônica que já desistira de qualquer remédio, grande parte do povo brasileiro parece ter encontrado na eventual eleição de Bolsonaro não a cura — pois seria ingenuidade crê-lo — mas uma transição que pode ser saudável para o futuro do país.
 
Não há país do nosso tamanho que possa sobreviver pautado pela Zona Sul do Rio de Janeiro, por meninos e meninas mimadas, rancorosos, culpados, vingativos, que, uma vez com a pena do jornalismo na mão, ao invés de honrarem a profissão, se curvam, se ajoelham diante de causas não só perdidas como imorais: uma quadrilha assumida, descoberta e exposta à luz do dia; ao politicamente correto; ao “socialismo e liberdade”. Levarão seus veículos à falência, se insistirem em recusar o diálogo com liberais e conservadores, os justiceiros. No fundo, e os conheço, acharão uma justiça se isto acontecer. Odeiam os patrões como foram ensinados a vida inteira. Veem nos chefes o inimigo, são incapazes de dissociar o indivíduo do cargo. Pensam e agem como manadas, por isso amam o coletivismo. Sentem-se seguros, ainda que para isso tenham de assassinar suas próprias características individuais.
 
Como o branco do vestido de Maria Ribeiro, estes paladinos da justiça social acham-se envoltos em vestes celestiais, como se tivessem procuração da Dna. Rosemeri Silva, assaltada três vezes nos últimos dois meses, por um sujeito armado, sabedor da inexistência de punição, com habeas corpus adiantado de “vítima da sociedade consumo”, esta mesma dna. Rosemeri que sequer tem forças de ir à delegacia registrar as ocorrências, pois, com razão, perdeu a fé. E uma nação onde há perda coletiva de fé na justiça mais básica, seja num assalto ou assassinato, quando lhe tiram a vida ou a pulseira de couro e você desiste, a alma do Brasil morre junto.
 
Pois se estes seres que vivem em outra dimensão agora estão tristes, alarmados e desesperados, em outra ponta há muita gente real, com os pés no chão, esperançosos de que o mínimo, o básico, seja feito país afora. Dna. Rosemeri não quer saber se o estado é responsável pela segurança, se o Congresso precisa de maioria ou não para aprovar leis, não está nem aí para federalismo e outros ismos, só quer, e está certa, trabalhar e chegar em casa viva. Ponto. E, claro, pagar muito menos imposto, porque sabe, intuitivamente, que seus representantes a roubam desde seu nascimento.
 
É preciso respeitar, tolerar e buscar entender os milhões de brasileiros que enxergam nas próximas eleições o extremo-oposto de Marias Ribeiros: uma saída de emergência. Uma brisa de ar após décadas de confinamento. Luz, após trevas. E não haverá sombras capazes de detê-la.

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