“Era regra do jogo”, diz empresário sobre propina na Petrobras.

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Chico Charge tam ok

“Se o Sr. não pagasse propina à engenharia e abastecimento, o Sr. não teria sucesso e o Sr. não obteria os contratos na Petrobras” — Julio Camargo, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, ontem.

O empresário, que assinou acordo de delação premiada, também contou que repassou R$12 milhões a Renato Duque, ex- diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, e a Pedro Barusco. Duque era apadrinhado de José Dirceu e está em liberdade, graças a um habeas corpus concedido por Teori Zavascki, ministro do STF, em dezembro de 2014. Na última sexta feira (30), o procurador-geral da República Rodrigo Janot, emitiu parecer defendendo a suspensão deste habeas corpus, e enviou o documento ao ministro Zavascki. Janot alega que: “Parece bastante claro que o paciente [Duque] possui inúmeras possibilidades (notadamente financeiras, a partir de dezenas de milhões de reais angariados por práticas criminosas) de se evadir por inúmeros meios e sem mínimo controle segudo, especialmente se consideradas as continentais e incontroladas fronteiras brasileiras”. O procurador tem toda razão, apesar de ter demorado quase um mês para perceber o óbvio. A história de Pizzolato é recente e deveria servir, no mínimo, de alerta ao Supremo e à procuradoria.

Camargo também admitiu ter atuado nas imensas obras do Comperj, no Rio de Janeiro, e no Repar, no Paraná, ambas da Petrobras; e afirmou ter pago R$12 milhões de propina a Renato Duque e Pedro Barusco, este último que também assinou delação premiada e concordou em devolver mais de R$250 milhões obtidos com propinas.

Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, representante da Toyo Setal, falou novamente ao juiz Sérgio Moro, ontem, e disse que a corrupção era “institucionalizada”. Em seu acordo de delação premiada, Augusto já havia dito que parte da propina foi para doações oficiais à campanha do PT, entre 2008 e 2011, feitas, segundo ele, através das contas da PEM Engenharia e Setec Tecnologia. O empresário entregou à polícia federal comprovantes de doações de R$4,6 milhões ao PT, que teria sido um pedido de Renato Duque, então diretor da estatal. Seu padrinho, José Dirceu, condenado no Mensalão, foi identificado pela PF como beneficiário direto de contratos milionários de “consultoria” às empreiteiras da Lava-Jato. Coincidência? Ou está tudo interligado?

Ministra da Casa Civil, das Minas e Energia, presidente do Conselho da empresa e, por fim, presidente da República, não existe outro personagem que tenha mais responsabilidade por tudo que aconteceu na Petrobras, ao lado de Lula, é claro, do que Dilma Rousseff. A mesma Dilma que se calou sobre o Mensalão na última campanha, o mesmo Lula que disse que o Mensalão era uma “fantasia”, e o mesmo Dirceu, chefe da quadrilha do Mensalão, ou seja, os mesmos personagens num “Vale a pena ver de novo” com dinheiro público. Porque acham normal roubar. O que não pode, e isso se deu na demissão de Graça Foster, a pedido de Lula, por causa dos R$88 bi sob suspeita, é divulgar que roubou. Isso sim é imperdoável.