Boulos: o orgulho da própria baixeza

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1925
Dostoiévski era obcecado pela obra “Madona Sistina”, de Rafael. A considerava “a maior revelação do espírito humano”. No livro “Os demônios” (ou “Os possessos”), escrito em 1872, o escritor a cita por diversas vezes.
 
Em dado momento, diz que, no futuro, em nome da “igualdade e por inveja”, não tardaria até que alguém subisse numa escada, tesouras na mão, e despedaçaria a tela de Rafael. Pela “causa”.
 
Hoje, o ex-candidato à presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, usou o acontecimento monstruoso em Campinas, onde um homem matou 4 pessoas numa Igreja e se suicidou depois, para fazer politicagem.
 
O psolista o fez pela causa. Num tuíte, alertou que o fato deveria gerar reflexão sobre as armas de fogo. O crime, independentemente da ferramenta utilizada, deveria chocar; jamais servir de trampolim ideológico.
 
Mas esta é a mente doentia de um revolucionário: antes do pesar, a luta. Antes da empatia, a mensagem aos simpatizantes. Antes de reflexão, ação. Imoral. Abjeta.
 
Fez lembrar, o Sr. Guilherme Boulos, outro personagem do romance citado: o niilista Nikolai Stavróguin, que “gostava do êxtase que vinha da angustiante consciência da baixeza”.
 
Este invasor de propriedades privadas, pífio puxador de votos, propagador maquiavélico da suposta junção de socialismo e liberdade, com aquele jeito suave e supostamente civilizado de dizer absurdos, usou um crime bárbaro para fazer politicagem. Infelizmente, não surpreende.
 
Há orgulho da consciência da baixeza. Ele sabe que o fez. Não foi de bate-pronto. Foi ato pensado. O desdém à vida humana está no âmago de um revolucionário cuja consciência já se formou há anos. Deveria, como Dostoiévski, ter aberto sua alma à Verdade. Mas ao contrário: escancara, o Sr. Boulos, o quão baixo uma pessoa pode chegar diante de um momento que deveria ser de luto. Não luta.