60 policiais mortos no Rio de Janeiro. Em 7 meses. Parece natural?

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Foram 60 policiais mortos em 2016, no Rio de Janeiro. Estamos em Julho. A média é de 8,57/mês.

Não há organização, pública ou particular, de apoio aos familiares que ficaram à deriva porque seus maridos ou esposas trabalhavam numa cidade em guerra não declarada. Não há nota de pesar. Não há salva de tiros que repare as esposas, os maridos, os pais, mães e filhos dos que se foram. Não há “vaquinha” de ex-presidentes para arrecadar um milhão de reais para tal. Não. É uma causa que não vale a pena, claro.

São vítimas dos criminosos, de um governo estadual falido, no palco principal da esquerda nacional, que é o Rio de Janeiro. Indo além: vítimas de um país com valores jogados no lixo.

Se a guerra no Rio não é declarada, como poderiam existir heróis? Mártires? Estátuas? Homenagens? Não há.
E não apenas não são reconhecidos, como já ligam suas viaturas com o “jogo perdido”, devendo à sociedade uma postura de soldado de elite na guerra, com valores e humanidade de um franciscano, o receio de atirar de volta, a consciência de que o criminoso, quando muito, ficará atrás das grades por pouco tempo.

A polícia carioca apanha incessantemente da imprensa, dos bandidos, dos políticos que jamais viram um tiroteio ao vivo, enfim, de um politicamente correto que é lindo na teoria, mas que mata, na prática. E não venho fazer o papel de defensor incondicional da polícia. Os maus policiais são vários, existe muita corrupção, muitos casos de abuso e absurdos ainda maiores, relatados por diversos ex-policiais, mas a questão é: por causa destes, todos merecem o julgamento, a ausência de empatia e os tiros que levam? Na minha opinião, não.

No estado do Rio, enquanto deputados ganham mais de R$20 mil, um soldado da PM recebe R$2.726,70.
Isso é tido como normal. Assim como está ficando natural a morte de policiais, que já não causam mais estranheza.

Tal “anestesia” diz muito sobre nosso estado, nosso país e nossa cidade.

1 Comentário

  1. Os criminosos são perigosos por que dispõe de dois monopólios concedidos pelo estado: o monopólio da venda de entorpecentes e o monopólio do porte de armas.

    Tire esses dois deles e eles passam a ser um bando de semianalfabetos subnutridos.

    Observem que não é necessário tirar deles as drogas nem as armas, tarefas que já se mostraram impossíveis. Basta tirar o monopólio. Deixem que comerciantes honestos vendam drogas e permitam que as pessoas honestas possam portar armas. E adeus, tráfico!

  2. Perfeitas suas palavras ! Conforme disse, os bons profissionais não podem ser julgados pela conduta dos maus ! Nós, policiais, compreendemos que a sociedade vive uma relação de amor e ódio junto as forças de segurança do Estado. Esta relação de ódio não pode ser motivo para banalização da morte por parte da sociedade em relação ao policial bem como a qualquer cidadão ! Agradecemos o apoio !

  3. Texto cirurgico. Se nem os policiais, armados, estão seguros. Que dirá a população? Viaturas deixaram de ser algo a intimidar os bandidos e agora são alvos móveis. Muito triste.

  4. Diz muito sim. Sabe o que diz, principalmente? Que, para os homens que estão ditando as regras no Brasil, pegar em armas como meio de vida é algo natural. Muitos deles fizeram isto em sua mocidade. Diz também que a democracia é uma balela repetida aos ventos por gente que, em verdade, vive numa corte erguida sobre os ombros de um povo maltrapilho e carente!
    Diz que o povo precisa entender de uma vez por todas que o politicamente correto está matando, como você bem disse. É urgente que se ouça o policial. O decente e honrado, não apenas os ex policiais, ongs, e cientistas sociais. Como foi dito, estamos em uma guerra, que ocorre principalmente no campo ideológico.
    Obrigado pelo seu texto.
    Cb Santa Rosa
    Policial, pai, filho, esposo e aposentado por um tiro de fuzil