por: Alexandre Karamazov
Dois condenados.
Uma assassinou os pais e foi ao motel; foi condenada a 39 anos de cadeia. Cumpriu 12 e agora, graças ao seu excelentíssimo advogado, Sr. Dernivaldo Barni, que ofereceu uma vaga de secretária executiva à nobre assassina confessa, entrará no regime semi-aberto. Esta personagem chama-se Suzane von Richthofen.
Nosso outro personagem, condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, quando era presidente do PT, ganhou do ministro Barroso, do STF, direito ao regime aberto, pois Vossa Excelência — o ministro — afirma que o pobre condenado já cumpriu 1/6 de sua pena. Este personagem chama-se José Genoíno.
Vejamos como o Brasil é extremamente evoluído e injustamente chamado de país sub-desenvolvido.
Uma jovem, com a ajuda do namorado e cunhado, mata a pauladas seus dois pais, vai ao motel, comparece ao enterro, chora copiosamente ao lado de seu irmão, a quem deixou órfão conscientemente, confessa o crime, é condenada a 39 anos de prisão — o que é pouco, dadas as circunstâncias gerais do crime, agravantes e todo o contexto banal para tal barbárie. Por “bom comportamento” na prisão, Suzane, assassina confessa, volta ao convívio da sociedade. Sociedade esta que, não bastando a penúria diária, ainda terá este “bônus” da nova secretária executiva na praça. Fosse um país que tivesse o mínimo de vergonha na cara, com uma legislação e aplicação penal de acordo com as demandas da sociedade de bem, maioria destes 200 milhões de habitantes, esta senhora provavelmente e no mínimo, seria condenada à prisão perpétua. Quando digo no mínimo, é uma indireta aos governantes, que jamais terão a ousadia de convocar plebiscito acerca de prisão perpétua e pena de morte para crimes hediondos. Convoquem e verão o que a sociedade quer. Ou como a esquerda gosta de falar: ” o que o povo quer”.
Se esta notícia nos traz revolta, sentimento de impotência, imaginem o que se passa na cabeça do irmão desta cidadã. Um menino, à época, cujos pais foram tirados, da noite para o dia, literalmente, de sua vida, por uma irmã doentia e seus vassalos. A quem este irmão recorrerá? E se este irmão, cansado de ver triunfar a injustiça, desde muito novo, resolver matar a irmã? Aí o Estado Brasileiro, a Anistia Internacional, os Direitos Humanos, a OAB, a ONU, o PT, o PSOL e até a CNBB entrarão em cena, condenando a vingança passional do jovem garoto, a quem, desde sempre, ficou cristalino como as coisas funcionam no Brasil. A este rapaz, eu desejo o máximo de paz de espírito e serenidade, além de uma viagem sem volta para qualquer país de primeiro mundo. Fuja, enquanto é tempo, deste faroeste caboclo.
Quanto ao nosso segundo personagem, José Genoíno, é o de sempre. O crime, ainda mais do colarinho branco, no Brasil, compensa e muito. Ele, envolto numa capa ridícula com versos lindos de Mário Quintana, foi preso, após “apenas” 7 anos de julgamento na mais alta corte deste país. Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, no julgamento do mensalão, recebeu, no último dia 7, a chave da porta da cela e da cadeia, para — como o passarinho dos versos de Quintana — voar livremente, desfrutando da tranquilidade dos amigos do rei — Lula — e da rainha — Dilma.
Tendo em minhas memórias cada palavra dos ministros não bolivarianos do STF, me recordo que esta quadrilha, a do Mensalão, tentou dar um golpe de estado, visando se perpetuar no poder e quase conseguiu. Havia o barítono Roberto Jefferson no meio do caminho.
De um lado uma assassina fria, calculista e confessa.
De outro, um simples bandido fantasiado de preso político.
Em comum, a mais pura das características brasileiras: a impunidade.
Aqui vai o belíssimo poema de Quintana, tomado de assalto — com o perdão do trocadilho — por Genoíno:
“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”