Os ex-donos do Brasil querem seu brinquedinho de volta.

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Quando era moleque, por diversas vezes vi Caetano Veloso, acho que no Fantástico, dando pitacos políticos em épocas de eleições. Saindo do nada para lugar nenhum, com muita ‘Alegria, Alegria”, caminhava a favor do vento da quadrilha petista, então contra o PSDB — considerado, à época, “de direita”.Que tempos, senhoras e senhores. Que tempos. Achávamos natural um cantor de Ipanema tentar influenciar o destino da vida prática de um morador do agreste brasileiro — sem contra-argumentação.Anteontem, Paula Lavigne, sua esposa, alfinetava a atriz Regina Duarte, por eventual cargo no governo de Bolsonaro. Comemorava que ela não era nazista, e tolerava, magnânima, que fosse de direita. Paula e Caetano eram tratados como parte dos donos do Brasil. Esta patota, panela de socialistas milionários e atores descolados revolucionários do PROJAC, não falava um ‘Ai!’ na era petista. Quando muito, para disfarçar, gritavam contra uma usina hidrelétrica aqui ou acolá, para “proteger o meio-ambiente”. E só. Para todo o resto, silêncio cúmplice.Esta mesmíssima esquerda circense que acampava em frente ao prédio de Sérgio Cabral, então governador do Rio, para pedir sua renúncia, e que, agora, faz de tudo para jogar a Lava Jato no lixo — Lava Jato que mandou o próprio Cabral para trás das grades. 
Tenho certeza de que quando vociferam simulando preocupação com a democracia, mentem. Quando gritam horrorizados pela Amazônia, mentem.Quando se declaram a Glenn Greenwald, protegendo a ‘liberdade de imprensa’, mentem. 

Através da birra, esta panela de ex-donos do Brasil quer apenas o que foram acostumados a ter: suas vontades atendidas. Como uma criança mimada que perdeu seu Lego, fantasiam com 200 milhões de peças, brasileiros, vivendo em suas mãos. Quando Moro anunciou que seria ministro, acharam que o pautariam. Ele os mandou para pauta que os pariu — felizmente. Hoje, com o caso Glenn Greenwald, que tentou enterrar a Lava Jato com os métodos mais criminosos possíveis, hasteiam a bandeira da ‘liberdade de imprensa’. Eles, os que lamentaram não a ter censurado. Eles, os bajuladores de Maduro. As cheerleaders de Marcelo Freixo.
Quando esta panela se diz escandalizada pelas redes sociais, supostamente vigilante às “fake news”, manifesta uma só verdade: odeia as redes sociais, porque as mesmas viabilizaram que um país deixasse de ser refém de uma quadrilha que enganava, roubava e mentia, com a chanceladestes paladinos da justiça e o silêncio de grande parte da mídia tradicional. Foram as redes sociais que destronaram estas crianças birrentas. Daí o ódio.
O governo atual tem defeitos? Certamente. Há gente duvidosa perto do Poder? Gente que de conservador nada tem e que fingiu para se eleger? Absolutamente. Há casos onde a linha moral fica no limite do populismo e de interesses eleitoreiros? Sim. Como todo governo “normal” do mundo. E este é o resumo: após 13 anos de quadrilha, melhoramos. De um governo bandido para um governo ainda que razoável, já teria sido uma vitória. Talvez a ansiedade provocada e piorada pelo imediatismo dos tempos atuais faça crer que seria fácil existir um governo “muito melhor” que o que aí está, que beirasse a perfeição. Ledo engano.Um governo normal é feito de seres humanos, com seus egos e com corações onde trava-se a eterna batalha entre o bem e o mal. Faz parte. Para um país de dimensões continentais como o nosso, apenas o esfarelamento do poder para os estados e municípios poderia, de fato, atacar o problema com mais eficiência. A meu ver.Mas pensar que saímos de Mensalão, Petrolão e similares para denúncias contra o filho do presidente, meu Deus, como melhorou. As estatais eram saqueadas. Hoje, presidentes das mesmas são publicamente favoráveis às privatizações, para ficar em um exemplo. Ao menos para um botafoguense pessimista, melhorou demais. Diria que foi uma intervenção divina. 

Enquanto isso, há esta verdadeira guerra de narrativas e de atos, vide a soltura de Lula por seus amigos no STF, para normalizar a era petista. Para fazer crer que ser governado por bandidos é normal. Rotina. Não é. Nunca será. Diariamente, esta gente que deixou de apitar no destino do Brasil quer nos convencer que o governo atual é feito de monstros, corruptos, milicianos; tudo para voltar ao poder. Voltar a ter mamatas. Voltar a tutelar, da cobertura de Ipanema, o miserável do Vale do Jequitinhonha. A Argentina está aí como prova de que gritam até voltar. 
Esta patota foi cúmplice do pior momento para o nosso país. Num cenário ideal, teriam a decência de ficar calados, arrependidos, implorando por perdão. Mas uns viram cúmplices de hackers para destruir a Lava Jato, outros emplacam músicas de abertura em novelas para nadar em dinheiro e depois falar mal da Globo, e por aí vai. 
E o pior: ainda há quem caia nessa.