Os black blocs sem máscara: a cumplicidade de “intelectuais” com criminosos

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No dia 5 de setembro de 2013, Caetano Veloso visitava a sede do Mídia Ninja, coletivo que se denominava independente — e o faz até hoje, mesmo após vir à tona uma doação de 80 mil dólares por parte de George Soros. Na ocasião, o cantor afirmou que era uma “violência simbólica proibir o uso de máscaras [nas manifestações]” e posou para uma foto vestido de black bloc:

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5 meses depois, um homem que devotou sua vida a informar os outros, Santiago Andrade, cinegrafista da BAND, morria no Centro do mesmo Rio de Janeiro onde Caetano Veloso orgulhosamente brincava de cobrir o rosto, e onde vive até hoje, tranquilamente. Seus assassinos? Dois black blocs, instantaneamente transformados em “presos políticos”: Caio de Souza e Fábio Raposo, que aguardam o julgamento em liberdade desde 20 de março de 2015, sem o uso de tornozeleiras eletrônicas, inclusive.

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Página de apoio aos “presos políticos” da “ditadura”.

Gregório Duvivier, em sua última coluna na Folha de S. Paulo, Dona Folha, tá difícil te defender”, diz o que pensa sobre os black blocs:

Duvivier e os 'meninos'.
Duvivier e os ‘meninos’.

Eis os fatos: black blocs são violentos, causam danos diretos e indiretos a inúmeras pessoas inocentes, propriedades e, volto ao início do texto, já mataram um inocente.

Eis as versões, que são as que triunfam no Brasil como verdades absolutas: black blocs são meninos de “12 anos com espinhas, mochila cheia de roupa preta e remédios para acne“, é descolado apoiá-los e, claro, os que foram presos são vítimas da “ditadura Cabral-Pezão”.

Em nenhum momento Gregório citou Santiago Andrade, mas não pôde impedir a resposta precisa de sua filha, Vanessa Andrade, sobre o fato do colunista da Folha tentar minimizar os black blocs e seus danos:

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Vanessa chama-os de assassinos, pois o são. E é importante lembrar, no país que se esquece do ontem pela manhã, de outros fatos obscuros: a proximidade do PSOL e os black blocs.

Em 2014, Eloísa Samy e David Paixão, então foragidos da Justiça, contaram com a deputada estadual Janira Rocha(PSOL) que, usando seu carro oficial da ALERJ, foi pedir asilo político para a dupla ao Uruguai. Observem a gravidade dos fatos.

Marcelo Freixo e Elisa Quadros, a “Sininho”, constantemente são acusados de terem, juntos, atuado orquestrando os black blocs, mas não há provas sobre essas acusações. O que se sabe é que em fevereiro de 2015, em depoimento no Tribunal de Justiça do RJ, em audiência de instrução e julgamento de 23 acusados de atos violentos nos protestos de 2013 e 2014, onde o PSOL é citado como ‘financiador’ dos black blocs, Freixo reiterou que não tinha envolvimento com ela, Sininho, e com os mascarados. Disse que a encontrou duas vezes, sendo que uma foi para ouvi-la sobre ‘acusações de torturas e maus tratos’ aos então prisioneiros Caio de Souza e Fábio Raposo, assassinos de Santiago Andrade. Como já dito aqui, coincidentemente ou não, em 20 de março de 2015, ambos foram soltos. Se o PSOL fez pressão para isso nos bastidores, talvez jamais saberemos. Mas o partido não pode negar que uma de suas parlamentares, à época, ajudou foragidos envolvidos com black blocs.

Fica claro, ao menos para mim, que a intelectualidade da esquerda, em seu afã sistemático por defender o suposto “lado mais fraco”, acaba fazendo justamente o contrário: as teorias estapafúrdias de um humorista ou compositor famosos em suas respectivas colunas de jornal, independentemente de data, acabam chegando à realidade e prejudicam os mais fracos, como Santiago. E na realidade, a vida tem consequências. Na prática, corpos ficam pelo caminho, assim como filhos e filhas. Na vida real, o romantismo de suas defesas ao indefensável bate no muro do contraditório. Mas, estranhamente, ambos parecem não se importar. Acham que tudo não passa de um complô entre setores “ultra-conservadores” e a “mídia golpista” para aniquilar todos aqueles que pensam diferente deles.

E fica uma dúvida no ar: no texto onde também minimiza o poder de destruição dos black blocs, Gregório poderia fazer história e terminá-lo com os dizeres: “e, pelo dito acima, me demito deste veículo golpista”. Não o fez. Por que será? Me pergunto o mesmo sobre todos aqueles que acreditam que a imprensa é golpista (tendo derrubado Dilma, em suas visões), mas continuam recebendo salários da mesma e, diariamente, concedendo entrevistas para ela. Eu jamais viveria em paz com minha consciência se assim acreditasse e o fizesse.