O Filósofo da Corte na Taberna: sabedoria

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por: Alexandre Karamazov

A sociedade me quer nos eixos. Minha família me colocou arreios. Deus aponta seus poderosos dedos. Eu não ligo. Não mais. Eu não sucumbo, não cedo, não fraquejo e nem tenho medo. Sigo em frente, mesmo quando não sei para onde estou indo, me mexo, não paro, ainda que esteja imóvel. 
A primeira vitória de nós, seres humanos, em qualquer época, é cortar todas as cordas que nos colocaram desde o dia em que nascemos. Os preconceitos, os valores, as datas comemorativas, os gritos, o silêncio, as palavras, o simbolismo, o medo, a vida, o pretérito imperfeito e o futuro perfeito. Tudo precisa ser jogado no lixo. Seus pares, seus pais, seu país, não sabem o que você quer e precisa. Pra sobreviver, viver e, raramente, ser feliz, é preciso encarar o espelho, fechar os olhos e se enfrentar, se xingar, se levar a sério e se ironizar, numa espécie de surto esquizofrênico, onde você pergunta, responde, concorda, discorda, aceita e manda à merda.
Suas escolhas são seu peso e de mais ninguém. O fardo do mundo nas costas é pequeno se comparado à sua responsabilidade com sua consciência. Ela, somente ela, será seu farol por toda sua grande navegação nestas águas perturbadas e perturbadoras da vida. A eterna busca pela sabedoria termina sempre onde começou: Em nós. Lidar com isso não é fácil, é duro.
Ninguém jamais afirmou que seria o contrário. Ser livre, ser dono do seu destino, não é barato.
É extremamente mais calmo ficar no porto, obedecendo às ordens, fazendo tudo que lhe mandam, direta ou indiretamente, com menos ou mais volume na voz. 
 
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