Era uma vez um pobre operário…

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Era uma vez um pobre operário que ascendeu à presidência da República. Aquele sindicalista que fazia o ‘meio campo’ entre patrões e empregados, beneficiando sempre os primeiros, demorou longos anos para assumir o cargo público mais importante de seu país.

Gabou-se sempre de odiar a educação. Ele, o gênio nacional, não precisava de livros. A classe “intelectual” venerava o ‘pai dos pobres’, a classe média abraçou o salvador.

Quando chegou ao posto, meu pai, de uma sabedoria e simplicidade únicas, me lembrou do Barão de Itararé: “queres conhecer o Inácio, coloca-o num palácio”; e ali, no Palácio do Planalto, conhecemos este ex-pobre operário que comandava o assalto aos cofres públicos. E os cofres públicos não são preconceituosos, meus caros. Não. Os cofres recebem dinheiro do bilionário do Morumbi e do catador de latinha que compra um saco de feijão com um imposto colossal.

O ex-operário não tinha preconceito também. Mandou roubar para o partido, para sua família, para os ‘companheiros’, para os ‘hermanos da América Latina’, para ditaduras africanas, para os mais chegados das construtoras amigas e sabe-se lá mais quem.

Depois de colocar seu mascote na presidência, o ex-operário, filho de Deus, achou muito natural que uma construtora, OAS, pagasse pelas reformas de seu tríplex no Guarujá e seu sítio em Atibaia. Não contava com a imprensa, esse órgão elitista e demoníaco, que teima em expor estes pequenos detalhes, incapazes de macular a biografia de um ‘pobre operário’. E não contava com um ‘juiz medíocre’ da longínqua Curitiba, tão distante da ilha Brasília, que resolveu investigar essa zorra toda.

O ex-operário pobre está cansado. Cansado de ter de explicar como seu filho ganhou milhões com uma cópia da Wikipédia para um trabalho empresarial; cansado de ser questionado por meros mortais que, vejam a audácia, só por pagarem tributos e exigirem que a lei seja cumprida, insistem em dizer que aquele homem auto-intitulado a ‘viva alma mais honesta’ do país não engana mais ninguém.

O ex-pobre operário só quer passear com isopor de cerveja na cabeça, no sítio que não é seu.

Os bajuladores do ex-pobre operário estão em polvorosa, batendo bracinhos e agitando as perninhas, fazendo birra contra o tal juiz, a tal imprensa e a tal ‘elite’.E mesmo assim o jogo não acaba…O ex-pobre operário é, agora, aquele garotinho que desce pro play e leva a bola embora quando fica chateado.

A mascote do ex-pobre operário terminou sua obra e destruiu o presente e futuro de gerações de brasileiros, mas ela só quer, ela só pensa em pedalar…

O conto de fadas, aparentemente, não vai terminar bem para o nosso anti-herói.
Parece que, finalmente, ele vai entender a importância de ter lido alguma coisa na vida.