Descanse em paz, Olavo.

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Não foi guru de nada. Não era “suposto” isto ou aquilo. Era o homem certo, no país errado. Ou melhor, me corrijo: no país igualmente certo, pois precisava, necessitava, urgia pelo contraditório. E foi isso que Olavo teve a audácia de fazer, a maior da ousadias: romper com a pressão da panela, ficar acima das pequenas rodinhas de intelectuais que aplaudem uns aos outros. Olavo conseguiu o que este pessoal mais odeia (nos outros): sucesso. Caiu na boca do povo.
Foi, é e será grande. Não haverá historiador, por mais militante e odioso que o seja, que poderá ignorá-lo.
A introdução do “O Imbecil Coletivo”, em si, vale mais do que todas as reportagens que saem hoje, cuspindo veneno, ódio, rancor e vingança.

Tentam transformar a vida de um homem, complexa em si, profunda sempre, numa síntese. E Deus sabe do pecado que é tentar sintetizar uma alma. São os tempos atuais, onde poucos segundos é muito tempo, onde um Tweet serve como comprovante de caráter de Fulano ou Beltrano. As redes sociais, com sua necessidade por polêmicas, a insensata obrigação por escolher “lados”, sua incapacidade de ter paciência, não combinam com o que a obra de Olavo propunha.

A complexidade de Olavo tentou, com ou sem sucesso, dependendo do caso, ajudar este cemitério de talentos, que é o Brasil, a pensar, a refletir, a pensar com mais calma. Uns considerariam uma ingenuidade, uma perda de tempo. Talvez.

Outros, e me incluo neste segundo grupo, não. Outros enxergam nesta quase ingenuidade, nesta esperança infinita, prova de amor ao país.

A vida é mais do que estes avatares, vai além destas redes sociais. Eu estou — estava — fora delas há quase 2 anos, mas me senti na obrigação moral de vir aqui dar os meus sentimentos à família do homem Olavo de Carvalho, a seus filhos, sua esposa e amigos mais próximos.

Tive duas interações com ele, ambas por aqui, no Facebook, em mensagens privadas. Nas duas ocasiões, não encontrei um astrólogo, um guru, ou similar. Quem me respondeu foi um homem normal: gentil, atencioso e bem-intencionado.

Os políticos passam, as eras e ares de Brasília, felizmente, mudam.Olavo não “já era”, ele é e será. O tempo é amigo dos que têm a ousadia bem-intencionada.
Descanse, meu caro. Você merece.