Bolsonaro e a eventual volta do PT ao poder.

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“Bolsonaro é o caminho mais fácil para a volta do PT ao poder”. Esta frase, cujo raciocínio entendo (profundamente) a princípio, me parece injusta com o candidato — quando paro para refletir.
 
Não é por mérito dele que o mesmo se tornou, a meu ver, expoente único de uma direita franca, ainda que “bruta”. É por falta do mínimo de percepção e coragem de pessoas que poderiam ocupar este vácuo conservador inspirado em Reagan e Churchill. Medo de serem vistos como “extremistas”. Medo. Esta é a palavra.
 
Como já disse em texto recente, não creio, mesmo, em mudanças dramáticas, para melhor, num país do nosso tamanho sem o uso radical do Federalismo, com o poder sendo estraçalhado como frutas num liquidificador.
 
Porém, diante da incômoda realidade, vejamos: chamam Bolsonaro de ignorante. De fato, não é o Dostoiévski reencarnado do interior de São Paulo. Dizem que não entende nada de economia: pessoalmente, acho que confundiria um livro do Mises com uma vencedora de concurso de Miss. Mas ele o admite. Hoje, valorizo uma característica elementar: a admissibilidade do não conhecimento (favor não confundir com orgulho da própria ignorância, como Lula). Obrigado.
 
Em tempos de Wikipedia e “especialistas”, todos simulam saber um pouco sobre tudo, palpitando sobre açaí e União Soviética com a mesma naturalidade. Somos profissionais em amadorismo, esta que é a verdade.
 
Mas ainda me surpreendo positivamente: vi duas entrevistas de Paulo Guedes: para Joice Hasselmann e à Globo News. Durante as mesmas, minha vontade visceral e passional era colocar o sujeito para tocar o país na marra por 20 anos. Vejam: exagero, para expressar a minha admiração por este senhor com quem, coincidentemente, dois dias depois, cruzei em Ipanema, no Rio. Desde 1989 (!), 30 anos atrás, havia, no país, um indivíduo com as ferramentas necessárias para consertar o motor. Foi ignorado. Os bons, no Brasil, o são. Quase sempre. Vejam as entrevistas de Paulo Francis, salvo engano de 92 e 94, no Roda Viva, e observem como algumas soluções já eram conhecidas e tripudiadas pelos entrevistadores.
 
Também assisti, temendo por um massacre, jornalistas experimentados da G. News sabatinarem o Gen. Mourão. O que falta ao candidato Bolsonaro sobra em seu vice: extremamente humilde, educado, culto, moderado, inteligente, perspicaz, ciente de suas limitações, com uma visão de país — como a de Guedes — desprovida de interesses escusos tão naturais aos demais grandes partidos. Mourão falou o óbvio, em tempos onde isso é de uma ousadia sem tamanho. Sua capacidade de comunicação, ao vivo e a cores, é raríssima. Outro dos “bons” que estava “por aí” durante anos, enquanto ratos administravam a Máquina.
 
Olho para Lula: um ignorante confesso, com um poder de oratória espetacular, numa pátria, e sei que me repito, sedenta por mentirosos habilidosos. Cercou-se do que havia de pior: Dirceu, homem que só fez mal ao seu país. Acho que até o Freixo deve ter feito algo de bom, mas Dirceu, não. Dirceu durante décadas, sistematicamente, atacou o Brasil. Seria o próximo presidente do Brasil, se Roberto Jefferson não tivesse cantarolado. Além do ex-guerrilheiro que abandonou mulher e filha, Luis Inácio abraçou Genoíno, Dilma, Delúbio, Vaccari, Silvinho Pereira, Renan Calheiros e toda sorte da escória política nacional. O digo para apontar que um sujeito “ignorante” pode ter a vontade de se cercar por pessoas melhores. Me parece, de longe, pois de perto tudo é diferente na política brasileira, o caso de Bolsonaro.
 
Portanto, o caminho de volta do PT ao poder, menos de 3 anos depois de Dilma ser colocada para fora, sob a figura pitoresca, farsesca, caricata e baixa de Fernando “Ciclovia” Haddad, que “pretend to be” um ser moderado, um PSDB com terno brasileiro, e não italiano, deve-se única e exclusivamente aos lunáticos que votarão no que o país tem de pior — e a oposição covarde, medrosa e teatral social-democrata. E o digo com nítido amargor, pois sei que o Federalismo — proposto por Guedes e Mourão — resolveria a questão de forma simples: o eleitor que gosta de se auto-prejudicar, poderia fazê-lo dentro de seus territórios. Acho que até o Rio de Janeiro, desta forma, aprenderia a melhorar os votos.
 
Se não houvesse Bolsonaro, com todas suas cristalinas limitações, teríamos quem? Um coronel com fetiche por impressoras… um tucano que, em 2018, não percebeu, mesmo com todos os mais caros marqueteiros, o que a população real do país demanda, e cuja empatia, diante de Lula — o prisioneiro a ser liberto do AirBnb de Curitiba em Janeiro, por seu vice-Vassalo — é risível…
 
Haddad, com ou sem Bolsonaro, chegaria (rá?) ao poder, para os que seguem esta linha de raciocínio. Mas atribuir tamanha culpa a Bolsonaro, é covardia. Mais: é tirar de nossos próprios ombros o peso da responsabilidade por estes seres ainda transitarem com a coragem dos bons, para batermos no peito e dizermos mentirosamente: “as instituições estão funcionando”. Não estão. São como elevadores: funcionam eventualmente.
 
Em 2005, com 17/18 anos, este idiota aqui, sem um pingo de estudo profundo sobre o tema, o percebeu instintivamente vendo a CPI dos Correios. Enquanto não admitirmos a febre e formos à emergência, o Brasil será um eterno não vale a pena ver de novo. Como fazer isso na prática? Perguntem a pessoas milhões de vezes mais inteligentes do que eu, pois não faço a mínima ideia.
 
Não faço a mínima ideia, também, se as pesquisas revelam a verdade. Creio, sim, que haja certo número grande de eleitores de Bolsonaro enrustidos, com medo da patrulha invisível. Mas não duvido, não posso!, do masoquismo de um povo que elegeu Dilma Rousseff presidente do país por duas vezes.
 
E me parece óbvio que seria muito mais fácil, em teoria, controlar um presidente cercado de pessoas inteligentes, moderadas e equilibradas, conservadores e liberais conscientes, respeitadores da liberdade, como Guedes e Mourão, do que sermos subjugados, censurados, humilhados e roubados, mais uma vez, pela quadrilha petista.
 
E parte da imprensa — que poderia adotar o sadomasoquismo apenas nas horas vagas, e a primeira a ser destroçada num futuro governo de esquerda — aplaude, como focas diante de baleias orcas que as devorarão no segundo seguinte. Se isso não é estranho, francamente…